05 novembro 2006

Vovô-garoto dos Leões

Samuel Eto'o e Milla >>>>

Aos 38 anos ele espantou o mundo ao jogar uma Copa feito um garoto. Mas Roger Milla queria mais. Ele já era um senhor em 1994. Tinha as marcas do tempo desenhadas no rosto, alguns cabelos brancos já aparecendo. Roger Milla estava com 42 anos quando jogou a Copa do Mundo de 1994, no forte verão americano. Só esse feito já garantiria o camaronês na galeria das legendas da bola. Só que ele fez mais, muito mais. Pode-se dizer que ele foi um dos maiores ídolos do esporte africano de todos os tempos. Entre os anos 70 e 80, foi o melhor jogador do continente. No Mundial de 1990, na Itália, fez com que os "Leões Indomáveis" virassem a sensação do torneio. Marcou quatro gols e comemorou cada um deles com uma sambadinha junto à bandeirinha de escanteio. Segundo Milla, era uma homenagem ao craque Careca e ao futebol brasileiro que serviu de inspiração a inúmeros jovens africanos, graças às diversas excursões do Santos pelo continente nos anos 60. Quando Camarões caiu diante da Inglaterra, nas quartas-de-final, seus jogadores sabiam que a missão no Mundial da Itália estava cumprida e os demais países nunca mais olhariam para o futebol africano apenas com simpatia.
A grande campanha de Camarões em 1990 foi uma vingança velada. "Passei 13 anos na França sendo ignorado", ressentia-se Milla, que já havia disputado o Mundial da Espanha, oito anos antes. Em campo, Milla era rápido e parecia estar sempre no lugar certo. Também não era do tipo fominha. O talento o tirou da África em 1977, quando estava com 25 anos e foi jogar no pequeno Vallenciennes, da França. Fez tanto sucesso que passou por diversos clubes do país. Em 1981, jogando pelo também pequeno Bastia, marcou o gol do título da Copa da França diante do todo-poderoso Saint-Ettiene de Platini. Recebeu o troféu das mãos do presidente da França, François Mitterrand.

O atacante Albert-Roger Miller nasceu em Yaoundé, Camarões, no dia 20 de Maio de 1952. Amigo do presidente do país, Paul Biya, Milla teve sua convocação garantida na Copa da Itália por pressão de Biya. Quatro anos depois de ter anunciado a despedida, Milla decidiu jogar a Copa de 94. Biya entrou em ação e deu um jeito de atender o pedido do amigo famoso.


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