16 setembro 2006

Patativa do Assaré

Patativa do Assaré
(05/03/1909 – 08/07/2002)
Poeta e repentista cearense, nascido na localidade de Serra do Santana, próximo de Assaré, cego de um olho desde os 4 anos de idade, Antonio Gonçalves da Silva alfabetizou-se aos 12, quando freqüentou a escola por alguns meses, começando logo em seguida a compor versos. Iniciou-se como cantador e violeiro aos 16 anos, e três anos depois, numa viagem ao Pará, recebeu o apelido de Patativa. Com o passar dos anos foi-se tornando conhecido na região, e em 1956 publicou seu primeiro livro, "Inspiração Nordestina". Mais tarde teve outras coletâneas de poemas publicadas, além de diversos folhetos de cordel. Conheceu a fama em 1964, quando Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, gravou "Triste Partida", de sua autoria. Em 1972 o cantor Fagner gravou sua música "Sina" e mais tarde tornou-se produtor de seus discos. Gravou o disco "Poemas e Canções" em 1979, mesmo ano em que o diretor Rosemberg Cariry produz o fime "Patativa do Assaré", em super-8, e "A Terra É Naturá" em 1981. Em 1984 participa das campanhas pelas Diretas e de apoio aos flagelados das enchentes do Nordeste. Também é deste ano o disco "Patativa do Assaré", projeto do Banco do Estado do Ceará. Na década de 90 lançou mais livros, como "Balceiro" e "Aqui Tem Coisa", além de servir como tema para teses e dissertações acadêmicas. Gravado por muitos artistas (Sérgio Reis, Pena Branca & Xavantinho, Rolando Boldrin, Ednardo, Simone Guimarães, Daúde), é tido como fenômeno da poesia popular nordestina, com sua versificação límpida sobre temas como o homem sertanejo e a luta pela vida. Seus livros foram traduzidos em diversos idiomas. No começo de julho de 2002, aos 93 anos, Patativa não resiste à uma pneumonia e falece em sua cidade natal, da qual pegou seu nome artístico emprestado.

Saudade

Saudade dentro do peito

É qual fogo de monturo
Por fora tudo perfeito,
Por dentro fazendo furo.

Há dor que mata a pessoa
Sem dó e sem piedade,
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.

Saudade é um aperreio
Pra quem na vida gozou,
É um grande saco cheio
Daquilo que já passou.

Saudade é canto magoado
No coração de quem sente
É como a voz do passado
Ecoando no presente.

A saudade é jardineira
Que planta em peito qualquer
Quando ela planta cegueira
No coração da mulher,
Fica tal qual a frieira
Quanto mais coça mais quer.

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