Era um
amistoso na cidade do México: Botafogo x River Plate. Garrincha estava
estraçalhando o beque Vairo. Nestor Rossi, o maestro da seleção argentina,
chamou o lateral do River e aconselhou: “Quer
melhorar teu futebol? Então faz o seguinte: aquele ali é o Nilton Santos, beque esquerdo como você. Vai
lá perto, disfarça e passa a mão na perna dele. Só isso. Passa a mão que
naqueles pés está o futebol de todos os beques do mundo".
Pés que
jamais deram um bico na bola; reflexos que jamais foram traídos pelos efeitos
de uma bola; atleta de equilíbrio assombroso, que jamais caiu no campo, a não
ser derrubado. Nílton Santos, craque extraordinário que encarnou a prefiguração
de toda a evolução tática do futebol moderno. Craque que viveu no campo duas
faces de uma equipe, porque sendo zagueiro sempre teve alma e audácia de
atacante. Nasceu com o talento de fazer gols e acabou glorificado pela arte de
evitá-los.
Nilton
Santos nasceu em 16 de maio de 1925 na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Exemplo maior de identificação com um clube no futebol brasileiro, vestiu a
camisa do Botafogo por mais de dezesseis anos. Treinou pela primeira vez como
atacante e foi mandado para a defesa pelo lendário dirigente Carlito Rocha.
Tornou-se o maior lateral-esquerdo da história do futebol e em 1998, foi eleito
para a seleção do século por jornalistas do mundo inteiro. Nilton Santos jogou
729 partidas e marcou onze gols com a camisa alvinegra. Estreou no Glorioso em
21 de março de 1948, na derrota de 2 a 1 para o América-MG e encerrou a carreira
em 16 de dezembro de 1964, na vitória de 1 a 0 sobre o Bahia. Foi Campeão
Carioca em 1948, 1957, 1961 e 1962 e Campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e
em 1964. Na seleção brasileira jogou 82 partidas e assinalou três gols. Estreou
no dia 17 de abril de 1949, na vitória de 5 a 0 sobre a Colômbia e despediu-se
na final da Copa de 1962, no Chile, na vitória de 3 a 1 do Brasil sobre a
Tchecoslováquia.

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