A ligação com o clube da
Estrela Solitária era intensa e, após fazer parte da diretoria do
clube, foi convidado para assumir o cargo de treinador da equipe em 1957.
Sem qualquer experiência prévia na função, soube tornar vitorioso um time
repleto de talento (Garrincha, Didi, Nilton Santos, Paulo Valentim,
Quarentinha). Foi campeão carioca daquele ano, com a maior goleada registrada
em uma decisão de Carioca: 6 a 2 sobre o Fluminense, com cinco gols do atacante
Paulo Valentim. Após deixar o cargo, em 1959, se tornou comentarista de rádio e
articulista de jornal, adotando uma linguagem muito próxima da usada pelos
torcedores, que logo caiu no gosto do público. Começava suas análises com o
bordão: ‘Meus amigos”.
Filiado
ao Partido Comunista, Saldanha sempre manteve uma postura crítica ao regime
militar. Mas isso não impediu o presidente da CBD, João Havelange, de fazer um
convite surpreendente ao cronista esportivo: ser treinador da seleção
brasileira em 1969, no auge do AI-5. Sem pestanejar, ‘João sem medo’ aceitou a
proposta. E logo após ser anunciado como técnico da equipe, tirou do bolso
a lista de convocados e divulgou para os repórteres. Eram “as Feras do
Saldanha”.
Nas
Eliminatórias para a Copa de 70, a equipe empolgou o país, vencendo seis jogos,
marcando 23 gols e sofrendo apenas dois. Mas após a classificação para o
Mundial do México, o clima ficou pesado.
Uma série
de polêmicas – chegou a insinuar que Pelé estaria com problemas de visão e
disse para o presidente Médici não se intrometer na escalação do time, porque
ele não se metia na formação do Ministério -, e tropeços em campo (derrota para
Argentina por 2 a 0 no Beira-Rio e empate em jogo-treino contra o Bangu)
causaram a sua queda três meses antes do começo da Copa.
Ao tomar
conhecimento que a direção da CBD havia anunciado que a comissão técnica da
seleção estava “dissolvida”, respondeu: “Eu não sou sorvete para ser
dissolvido”.
Fora da
seleção, foi ao México como jornalista para assistir ao tricampeonato.
A saída
da seleção foi uma das muitas polêmicas de sua vida. Ainda como treinador da
equipe, se envolveu em uma discussão pública com o treinador Yustrich. Saldanha
chegou a tentar invadir a concentração do Flamengo atrás do desafeto, que
comandava o Rubro-Negro carioca. Detalhe: armado.
Fato
semelhante ocorreu em 1967. Durante a final do Carioca daquele ano, entre
Botafogo e Bangu, Saldanha, em seus comentários pelo rádio, disse estranhar a
atuação do goleiro alvinegro Manga. À noite, após a vitória do Botafogo
por 2 a 1, na famosa “Resenha Facit”, o jornalista afirmou que o bicheiro
Castor de Andrade, patrono do time de Moça Bonita, havia subornado o arqueiro.
Castor ouviu e invadiu o estúdio da TV Rio, cercado de seguranças. A confusão
foi tamanha que o programa saiu do ar.
Na
quarta-feira seguinte, Saldanha foi armado à festa pelo título em General
Severiano e ameaçou Manga, que fugiu em disparada da sede alvinegra.
Fora da
seleção, Saldanha se manteve ligado ao futebol, trabalhando na Rádio Globo e no
Jornal do Brasil. Em 1990, já com a saúde abalada por problemas respiratórios,
faleceu em 12 de julho de 1990, em Roma, onde estava para acompanhar a 14ª Copa
do Mundo. Apesar dos conselhos contrários de médicos e amigos, viajou para
a Itália. E morreu aos 73 anos fazendo o que mais gostava: falar de futebol.
vdk
vdk
===Fogata (386)===
2 comentários:
Grande João Saldanha. A última lembrança que nos deixou fou sua luta para acompanhar a copa da Itália já doente quando ainda trabalhava na antiga Rede TV.
Não tinha medo de dizer o que pensava. Fugia do políticamente correto e dos falsos clichês que acompanham a maior parte dos cronistas esportivos.
Chicão. Forte abraço.
Oswaldo de Oliveria não consegue entender a aura da torcida do Botafogo. Vaidoso demais ...
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Boa tarde, Carlito Alvinegro.
Li por aí, o seguinte comentário sobre o treinador do Botafogo:
"O Oswaldo de Oliveira é uma compilação do que há de pior entre os técnicos da era Assumpção: é paneleiro como Ney Franco, burro como Estevam Soares, ultrapassado como Joel Santana e prepotente como Caio Junior".
Abraço ireceense.
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